quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Blade Runner

Eu sei que existem milhões de opiniões sobre esse filme, mas quero neste espaço, escrever como conheci, assisti e o que gravei na mente e coração sobre este maravilhoso filme.

Em 1989 numa apresentação especial, consegui assistir no Paramount da Brigadeiro Luis Antônio o filme Blade Runner. Fiquei dias pensando sobre a história e as metáforas escondidas no filme e ao passar dos anos (assistindo mais vezes) fui percebendo a paisagem, a cidade, a civilização. É sobre corrigir o nosso presente, sabendo o que aconteceu no passado. E por isso o futuro é usado, por isso a ficção científica é chamada. O futuro dá ao espectador a distância necessária em relação ao que ele é suposto “ver”. Praticamente todos os filmes de ficção científica tentam prever uma cidade completamente nova baseada no que é “futurista” no momento da criação do filme, de obras-primas visuais como Metropolis a versões comerciais de um mundo futuro perfeito. Ridley Scott propõe uma cidade que já exista e nós chegamos ao futuro através do presente, o nosso presente, e isso liga-nos ao que vemos onde o tempo futuro nos dava distância.

Num ambiente , caótico, que faz tremer, não porque é escuro e chuvoso, mas porque é numa cidade que já existe, em edifícios com mais de 100 anos, um ambiente “Noir” e Rachel...uma replicante que não sabe o que é, tem uma beleza clássica, o jeito que anda, fala, toca piano, tem memórias...Deckard, é o observador e juntos a ele vamos acompanhando sua vida transformar-se na eternidade relativa e os 4 anos de vida dos replicantes em apenas uma pequena passagem na realidade, curta, porém intensa...”De onde viemos? Para onde iremos? Quanto tempo me resta?"...

O que mais me chamou a atenção foi a metáfora sobre os replicantes que na verdade somos nós...de termos noção do quanto o tempo é precioso, e 4 anos pode ser muito tempo...se bem usado. “...todos esses momentos serão perdidos no tempo, como lágrimas na chuva”, diz Roy, o personagem de Rutger Hauer. Isto refere-se a conservar a memória para a eternidade, seja a eternidade o que for. Essa cena sempre me leva as lágrimas, não tenho como segurar... (lá abaixo veja esse trecho legendado).
Homem reflete-se na sua criação, as suas imperfeições, mas também as suas qualidades, aparecem naquilo que ele cria. Assim, ao decorrer do filme, acabamos por mudar a nossa opinião sobre os replicantes, de sentimento de ameaça a empatia, de desejo de eliminar (por instinto de sobrevivência) a desejo de abraçar e logo acabamos por sentir o vazio pela sua perda. É nesse ponto que os replicantes se tornam homens, que nós sabemos que não se fala aqui de robôs, mas de nós próprios. “que pena que ela não viverá! Mas quem vive?” esta é a frase final, de Gaff, personagem de Edward James Olmos, ou seja, nada vive para sempre, criação ou criador. Apesar de tudo, enfrentar a inevitabilidade da morte não impede Deckard de correr para a vida, ou os replicantes (nós) de tentarem viver.

A trilha sonora é perfeita...o tecladista grego Vangelis dá um toque especial em suas composições diferenciadas, combina perfeitamente com todo o filme, uma vigem sonora...e aliás ao escrever este texto estava ouvindo a trilha sonora inteira e me inspirou um pouco...

Um comentário:

Sexyback disse...

Passei aqui pra te deixar um bj, e dizer que esse filme é simplesmente maravilhoso.
Bjks