domingo, 28 de setembro de 2008

Morrissey Cover

Conheci o site DarkSP por acaso, mandei um texto sobre o Bauhaus e de tanto comentar o Flávio Richards convidou-me para escrever na Coluna Matéria e Especiais e assim o fiz atualizando-o com biografias de bandas interessantes. Ao ver uma foto de uma amiga entre dois rapazes lembrei imediatamente deste site pois em “Colunas” existe a entrevista (vide abaixo) sobre “o” cover... amigos e amigas: Morrissey Cover.

Entrevista - Morrissey Cover
Amizade, essa é a química que move Beto (Roberto de Carvalho) e Marco (Marco Rimes) e fazem do Morrissey Cover uma das melhores apresentações ao vivo da cena alternativa paulista. A semelhança física de Marco é apenas parte do espetáculo, sua voz e interpretação também são impecáveis e nos remetem ao maior inglês vivo já num primeiro momento. Beto por sua vez toca e grava em sampler todos os instrumentos (baixo, bateria e teclado) além de guitarra ao vivo no show, também é Beto quem prepara todos os instrumentos para que o som seja passado. Chegaram a pagar para tocar em alguns lugares no início e ambos concordam que não existe um espaço com uma estrutura realmente boa para que possam tocar, mas existem algumas casas por qual passaram as quais consideram as "preferidas".

Numa conversa bastante descontraída, os dois (que esbanjam simpatia como não poderia deixar de ser) falaram ao Dark SP sobre o respeito por parte do público, preferências musicais e claro, Morrissey. A entrevista você confere agora:

Dark SP: A maioria de nossos ouvintes conhecem bem o som dos Smiths, porém nem todos conhecem a carreira solo de Morrissey, que álbum vocês recomendariam para que passassem a conhecer?
Beto: “Vauxhall and I”Marco: “Suedehead” a Coletânea

Dark SP: Esse o acima citado é o preferido de cada um?
Beto: “Falando de Morrissey Vauxhall and I é um álbum muito forte. Porém acho difícil me decidir por um álbum. O álbum que realmente fez eu me apaixonar por música foi “Hatful of Hollow” dos Smiths.Marco: Acho que “Vauxhall and I” realmente é muito forte, e gosto muito de “You Are the Quarry” também. Eu comecei a ouvir Morrissey primeiro, adicionamos músicas dos Smiths às nossas apresentações porque o Beto que sugeriu.

Dark SP: You Are the Quarry é sem dúvida um belo ábum, vocês o consideram o mais importante da carreira de Morrissey?
Beto e Marco: Achamos que é o álbum mais importante da carreira dele sim, achamos inclusive que é um reconhecimento por toda a sua obra.

Dark SP: Pior ábum de Morrissey não existe, mas qual vocês consideram o de menor expressão? Se é que esse existe.
Beto: Não acho a versão estúdio de “Kill Uncle” muito legal, mas gosto das músicas desse álbum quando tocadas ao vivo.
Marco: Embora eu o considere o álbum de menor expressão, eu gosto de “Kill Uncle”

Dark SP: "Oye Esteban" passou pelo Brasil em 2000, naquela oportunidade o último disco do artista era "Maladjusted" de 1997, álbum que não teve muita divulgação da mídia e ainda assim o Olympia ficou lotado (conferi o show do dia 3), alguns que lá estavam se decepcionaram por não terem ouvido "hits" dos Smiths (não entendo até hoje porque!!) vocês acharam que faltou alguma canção no set list? Essa insatisfação por parte do público se devia a rádio que colocava vinhetas com músicas do Smiths para divulgação?
Beto: Fiquei triste no dia 3 (03/04/2000) pois esperava ouvir “Alma Matters” e ele não tocou, já no dia 4 (04/04/2000) foi a segunda música do set list fiquei bastante feliz. Quanto ao público, acho que a Rádio teve culpa sim pois realmente usaram músicas dos Smiths para divulgação.
Marco: Com certeza a rádio de forma errada e desesperada foi a responsável por determinadas pessoas terem se decepcionado. Adorei o “set list” dos dois dias, não acho que tenha faltado nenhuma canção, acho na verdade que faltou sensibilidade e principalmente raciocínio por parte de alguns desinformados a respeito da “pessoa” Morrissey. Para mim todo show foi como deveria ser. Se fosse hoje, algumas pessoas sairiam mais satisfeitas já que atualmente ele toca hits dos Smiths. Quantas vezes temos coragem de ser nós mesmos? O Morrissey é assim!!!

Dark SP: Morrissey não vem tocar por aqui esse ano, mas os Pet Shop Boys tocarão no próximo dia 08, vocês irão assistir ao show? Afinal eles (os PSB) tiveram um projeto paralelo com Johnny Marr ex- Smiths e Bernard Sumner do New Order, o "Electronic". Vocês curtem o som do Electronic?
Beto e Marco: Não vamos pois os ingressos estavam esgotados, somos fãs de Pet Shop Boys gostamos muito de Electronic também (Beto cita Disapointed entre as preferidas).

Dark SP: Vocês ainda ensaiam com frequência?Beto: Ensaiamos “cada um na sua” depois apenas nos reunimos para passar o som. Eu gravo em sampler os instrumentos (baixo, bateria e teclado) depois o Marco vem e a gente grava com a voz. As vezes eu ligo pro Marco e falo: “Ensaia “Bigmouth strikes Again” na versão do “Rank”. (comenta entre risos)
Marco: Eu falo para o Beto: “Estou aqui trabalhando” depois a gente se reúne. Na semana em que tem show marcado ensaiamos como maior freqüência para que tudo saia ok.

Dark SP: Já incluiram canções do novo* álbum (You Are the Quarry)nos Shows? Quais?
Beto e Marco: Já incluímos sim, em nosso “set list” já são apresentadas America, First of the Gang to Die e Let Me Kiss You. A gente já tocou e toca também muitas canções pouco conhecidas como “Ambitious Outsiders”

Dark SP: Vocês não pensam em tocar algo de vocês? Marco você escreve?
Marco: Eu tenho alguns pensamentos e coloco no papel sim, porém acho estranho cantar em português, ainda não é nossa praia, mas tudo na vida nos pede que uma porta seja aberta...
Beto: Eu já recebi algumas letras e coloquei cifra mas nada de concreto ainda foi feito.
Dark SP: Marco, e porque não compor em inglês?
Marco: Meu coração pede para que eu componha em inglês, então eu não apenas penso mas sinto isso batendo dentro de mim.

Dark SP: Vocês são uma dupla, porque não uma banda completa?
Beto e Marco: O problema é que somos muito exigentes, não admitiríamos qualquer músico além de que outros músicos na banda poderia quebrar o ótimo clima que temos enquanto dupla.
Dark SP: E bandas "novas"? O que vocês curtem fora Morrissey?
Marco: Cara, gosto muito de Suede, Starsailor (nesse momento coloca um CD da banda pra gente ouvir), quando cito White Stripes, Marco diz gostar da banda também, e ainda diz: “ O Morrissey que me perdoe mas eu adoro Radiohead”.
Beto: Gosto muito de Elton John, Coldplay pra citar algo que está na mídia e Pulp.Os dois ainda condenam o FM mas absolvem a Brasil 2000 e a Kiss FM Nota: Nosso site está de pleno acordo com os dois por isso em nossos “LINKS” constam links para essas duas rádios.

Dark SP: Recentemente vocês lançaram um site que já consta em nosso site como link de acesso (visite “Links”) falem um pouco sobre isso.
Beto e Marco: O site foi feito pela Gisele, ela acompanha nossa carreira desde o início, atualmente ela mora na Inglaterra e de lá nos pediu algumas fotos e que escrevêssemos algumas coisas sobre a gente para que o site fosse criado. (Um dos vídeos que se encontra disponível no site para ser baixado, foi gravado no casamento da Gisele). Ela é responsável por toda manutenção e futuras atualizações do site.

Dark SP: Algumas pessoas não acham importante o trabalho de uma banda cover. O que vocês pensam disso?
Marco: Acho que as pessoas tem muito respeito por nós, algumas inclusive se sentem intimidadas ao trazer flores ao show por exemplo. (Fato muito comum nas apresentações de Morrissey).

Dark SP: Por falar em público, quais os lugares mais legais que vocês já tocaram?
Beto e Marco: Já tocamos em muitos lugares, mas gostamos de ter tocado no Madame, gostamos daquela casa de Santo André o ... Haus Club (fechou) e o Front.

Mais informações, downloads de músicas, fotos e datas de shows do Morrissey Cover vocês podem encontrar no site da dupla: http://www.morrisseycoverbr.dsl.pipex.com/
Nota* : Quando houve a entrevista, não havia sido lançado o "Ringleader of the Tormentors"ainda.
Fonte: http://www.darksp.com.br/colunas.html
Confira o vídeo abaixo: Morrissey Cover BR - This Charming Man
(Gravado no Manchester English Pub - 07/07/07)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Blade Runner

Eu sei que existem milhões de opiniões sobre esse filme, mas quero neste espaço, escrever como conheci, assisti e o que gravei na mente e coração sobre este maravilhoso filme.

Em 1989 numa apresentação especial, consegui assistir no Paramount da Brigadeiro Luis Antônio o filme Blade Runner. Fiquei dias pensando sobre a história e as metáforas escondidas no filme e ao passar dos anos (assistindo mais vezes) fui percebendo a paisagem, a cidade, a civilização. É sobre corrigir o nosso presente, sabendo o que aconteceu no passado. E por isso o futuro é usado, por isso a ficção científica é chamada. O futuro dá ao espectador a distância necessária em relação ao que ele é suposto “ver”. Praticamente todos os filmes de ficção científica tentam prever uma cidade completamente nova baseada no que é “futurista” no momento da criação do filme, de obras-primas visuais como Metropolis a versões comerciais de um mundo futuro perfeito. Ridley Scott propõe uma cidade que já exista e nós chegamos ao futuro através do presente, o nosso presente, e isso liga-nos ao que vemos onde o tempo futuro nos dava distância.

Num ambiente , caótico, que faz tremer, não porque é escuro e chuvoso, mas porque é numa cidade que já existe, em edifícios com mais de 100 anos, um ambiente “Noir” e Rachel...uma replicante que não sabe o que é, tem uma beleza clássica, o jeito que anda, fala, toca piano, tem memórias...Deckard, é o observador e juntos a ele vamos acompanhando sua vida transformar-se na eternidade relativa e os 4 anos de vida dos replicantes em apenas uma pequena passagem na realidade, curta, porém intensa...”De onde viemos? Para onde iremos? Quanto tempo me resta?"...

O que mais me chamou a atenção foi a metáfora sobre os replicantes que na verdade somos nós...de termos noção do quanto o tempo é precioso, e 4 anos pode ser muito tempo...se bem usado. “...todos esses momentos serão perdidos no tempo, como lágrimas na chuva”, diz Roy, o personagem de Rutger Hauer. Isto refere-se a conservar a memória para a eternidade, seja a eternidade o que for. Essa cena sempre me leva as lágrimas, não tenho como segurar... (lá abaixo veja esse trecho legendado).
Homem reflete-se na sua criação, as suas imperfeições, mas também as suas qualidades, aparecem naquilo que ele cria. Assim, ao decorrer do filme, acabamos por mudar a nossa opinião sobre os replicantes, de sentimento de ameaça a empatia, de desejo de eliminar (por instinto de sobrevivência) a desejo de abraçar e logo acabamos por sentir o vazio pela sua perda. É nesse ponto que os replicantes se tornam homens, que nós sabemos que não se fala aqui de robôs, mas de nós próprios. “que pena que ela não viverá! Mas quem vive?” esta é a frase final, de Gaff, personagem de Edward James Olmos, ou seja, nada vive para sempre, criação ou criador. Apesar de tudo, enfrentar a inevitabilidade da morte não impede Deckard de correr para a vida, ou os replicantes (nós) de tentarem viver.

A trilha sonora é perfeita...o tecladista grego Vangelis dá um toque especial em suas composições diferenciadas, combina perfeitamente com todo o filme, uma vigem sonora...e aliás ao escrever este texto estava ouvindo a trilha sonora inteira e me inspirou um pouco...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

30 Punks contra uma Vila!


Junho de 87, terça-feira, estávamos no estacionamento lá na rua como de costume, jogando conversa fora e eis que chega nosso amigo punk indignado: -Aqueles surfistas filhos da puta do "Madalena"(Parque Santa Madalena, Zona Leste) levaram uma comigo e me proibiram de passar por lá e avisaram que se algum punk filho da puta passar por lá vão estourar na porrada quem quer que seja!!! Ouvimos aquilo como a maior ofensa até então, pois os punks da Zona Leste andam em qualquer bairro da Zona Leste, pois havia uma certa irmandade entre todos os punks da Zona Leste e não tinha essa de não poder passar naquele ou bairro tal, a adrenalina invadiu meu corpo, a fúria anarquista tomou conta de todos e despertou nossa ira com essa "ordem de proibição", nossa gangue era de apenas 6 punks e combinamos de sexta-feira comunicar o fato aos punks do Centenário pois tal proibição não existia na Zona Leste, nem tão pouco de surfistinhas ditatórios do caralho!!!

Na sexta-feira seguimos rumo ao 4º Centenário e encontramos uns 14 punks (inclusive uma visita de uma mina punk da Vila Mariana e nos acompanhou) explicamos a situação e seguimos ao "Madalena" com o objetivo de confrontar os surfistas ditatórios. Vasculhamos todos os bares, butecos, lanchonetes e bibocas do local e não encontramos um sequer a não ser um moleque andando de skate no grande half de madeira construído pelos surfistas ditatórios e os skatistas locais. Perguntamos se o moleque conhecia o "tal" surfista e este responde positivamente e um recado foi dado ao "tal" surfista que no sábado retornaríamos e queremos saber mais sobre essa parada de proibição de circulação de punks naquele bairro e como sinal que o assunto era "sério" destruímos a machadadas, chutes, pancadas, pauladas o grande half, tombamos e quase o queimamos, o moleque assistiu a tudo sentado no skate com a boca aberta indignado do que acabou de assistir ( foram necessários 5 minutos para destruir o grande half, uma grande estúpidez hoje penso sobre isso, mas era o que rolava...).

No sábado 30 punks (24 do Centenário e 6 do nosso bairro) seguimos armados de punhais, machadinhas, eu com meu soco inglês de acrílico transparente, pau, pedra, rumo ao "Madalena". Ao chegarmos uns moleques skatistas (putos com a gente e querendo mais é ver o circo pegar fogo) disseram que o "tal" surfista estava na quermesse (festa da igreja católica) e para lá seguimos. Um dos nossos punks falando bem alto explicou de olho no olho quase que encostando nariz com nariz com o "tal" surfista que ali não seria o local ideal para "conversar" e explicou o nosso motivo da tão desegradável visita e o "tal" surfista concordou ( não havia escolha...) e seguimos rumo ao local onde o grande half estava tombado e destruído ( já estava todo pixado com dizeres "punks filhos da puta!!"), quando para nossa surpresa os 30 punks estavam caminhando em um lado da calçada e os surfistas (uns 10 ou 15) do outro lado, porém ao olhar para traz...a Vila inteira estava logo atrás parecia uma procissão religiosa (na verdade acredito que toda a molecada que estava na quermesse foi assistir a treta ou ajudar sei lá).

A roda foi formada, os 29 punks em volta, os surfistas e toda a multidão assistindo na ponta dos pés logo atrás e o punk (o do diálogo inicial) grita: "- Não entra ninguém na treta, se entrar um só que seja todo mundo entra na porrada, se mata os dois ai cão!!" . Meu amigo soco inglês de acrílico transparente já estava na minha mão direita com fome de rosto e a adrenalina em todas as células pronto pra explodir a fúria punk e assistindo a briga do punk com o "tal" surfista, não dava para saber quem estava levando a pior pois ambos tinham o mesmo porte físico (magrelos) e havia uma certa alternância de quem ficava por cima ou por baixo e do nada numa casa uma velha abre com tudo a janela da sala e grita: "- Ôôôô seus moleques filhos de uma puta, seus arrombados, chamei a "puliça" pra "vocêis" cambada de vagabundos, vai brigar lá "nas putas que os pariuuuuuu" não agüentei ri muito...mas logo em seguida vi de longe as luzes vermelhas e azuis refletindo nas paredes da esquina, era a PM...a multidão começou a correr de um lado pro outro, uma puta zona e caos tomou conta do lugar, os surfistas saíram puxando o "tal" surfista e correram juntos com a multidão, só que a viatura não conseguia atravessar e chegar até nós e saímos andando normalmente e escondendo e muquiando "as armas" nas árvores e próximos aos sacos de lixo nas ruas e após a certeza da policia ter vazado pegamos de volta e fomos embora com a certeza de que punks continuariam a circular naquele bairro chamado "Parque Santa Madalena" e em qualquer outro da Zona Leste como sempre o fizemos.

Conclusão: O punk que brigou com o "tal" surfista não gostou de não entrarmos na treta e decepcionado com isso parou de andar conosco mas aprendeu uma lição: gangue não é pra ficar levando uma, pois tretas sempre seriam resolvidas no mano a mano mas...se apenas um adversário entrasse, todos os punks entrariam e a porrada ia correr solta e feia e meu soco inglês trocaria a transparência pelo vermelho sangue.

domingo, 21 de setembro de 2008

De Raspão...


Sábado, agosto de 88, ela preparou-se para aquela noite como uma noite qualquer, camiseta preta (deixando amostra suas tatuagens nas costas e ombro), saia preta, casaco, bota, maquiagem (bastante maquiagem e o inseparável batom roxo), juntou-se a sua amiga e partiram rumo ao Projeto Leste e mais um festival Punk com: as principais bandas: Mercenárias, Inocentes e Cólera. (as anteriores não lembro estava chapado). Percebeu no meio da multidão um punk simples de sobretudo preto, gel no cabelo e camiseta do The Exployted e troca de olhares constantes...e foi se aproximando meio que magnéticamente o mais perto possível, mas seu namorado chegou e o polo oposto a trouxe de volta...mas o punk a percebeu...e gravou em sua memória o seu rosto.

Outro final de semana chegou e outra festa chegou, todo o ritual novamente e a tal festa foi um fracasso, vamos a outra festa e seguiram de ônibus as 3 amigas e seu namorado punk, qual foi a surpresa o tal punk do Projeto Leste entrou no mesmo ônibus retornando da Vila Formosa e por incrível que pareça ele conhecia seu namorado punk...e este o convidou a acompanha-los a tal festa...por que não? Tratava-se de um aniversário de um amigo do namorado punk...comes e bebes e muita conversa jogada fora e no toca-discos um lado inteiro de Ramones e dance quem quiser... o namorado punk cansou-se e foi sentar mas ela queria dançar mais e puxou o Punk do Projeto Leste para dançar ao som New Wave do B-52 “Monster” e o fez de maneira mais próxima possível esbarrando constantemente e propositalmente, mãos na nuca dele, cabelos entre os seu dedos e aproximando-se cada vez mais com grande alegria até a chegada do (se ligou no movimento...) namorado punk, fim de festa e todos foram embora rumo ao 4º Centenário, exceto o Punk do Projeto Leste, cujo rumo seria um pouco adiante dali.

Outro final de semana chegou, precisamente na sexta-feira e não havia tantos punks na praça somente 2 e justamente um dele era o Punk do Projeto Leste, ela estava no Bar e o viu lá fora e o foi o comprimentar com um rápido beijo na boca e fez um pedido quase que implorando: Minha amiga está mal e vamos leva-la pra casa, volto daqui meia hora não saia daqui heim!!! Meu amigo punk viu a cena toda e sabendo quem era seu namorado me alertou sobre o que acabou de ver e eu simplesmente soltei: Quem não dá assistência...perde pra concorrência! E ficamos conversando e bebendo na praça a espera de seu retorno, conclusão, o bar fechou, todos foram embora, inclusive meu amigo punk e segui de volta rumo à minha casa acompanhado com minha velha solidão de todos os dias...e nunca mais nos vimos exceto em 1996 no Metrô onde ela entrou na Vila Mariana, me olhou nos olhos 2 vezes mas não me reconheceu e sem coragem de reencontrar deixei prá lá.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Punk na praia?




Verão de 1988. Feriadão, nada pra fazer, de boa...eu e meu amigo "Japa" decidimos seguir para a praia e ficar no apartamento de um vizinho nosso que o alugou para o feriado.
Enfim, descemos a serra de "busão" e após 1 hora e meia de viajem,chegamos até o tal apartamento, fomos bem recebidos, nos acomodamos, trocados, nosso vizinho já quase berrando:
- Vamos logo, aqui em frente tem uma barraca que faz uma caipirinha de tirar o chapéu!!
Depois de desfazer as mochilas, descemos pra conhecer (e degustar) a tão famosa caipirinha.
O sol já estava bem forte (10h30) e a sede era o tempero ideal para a ocasião, o nosso vizinho e seu Ray-Ban (aquele modelo caçador) todo sorriso e seu sotaque carioca nordestino:
- O Zé, solta duasx caipirinhasx de Vodka prosx meninosx aer!!he!he!he
Pensei que era uma daquelas caipirinhas horríveis com vodka barata, aquele maracujá super azedo e dois quilos de açúcar no fundo,naquele copinho descartável de plástico com um palito de sorvete pra mexer...mas qual não foi nossa surpresa!! Uma super bem elaborada caipirinha um copo grande de vidro com bastante gelo, maracujá, vodka(smirnoff) e leite condensado...que show, estava parecendo um milk-shake. O problema da Vodka é que misturada com frutas ou refrigerante, o gosto característico é quase nenhum e então saboreamos um copo cada um (que já deixa bem balão) como se fosse um suco e o nosso vizinho solta outra:
- O Zé, solta maisx duasx que osx meninosx gostaram, he,he,he.

- Não cara, estou a pampa (diz o Japa já rindo a toa).

- Qué isso cara? Nem começou e já tá parando? (nosso vizinho em gargalhadas e um puta bafo de onça depois de matar 3 garrafas de cerveja sozinho).
O jeito foi tomar o outro copão de caipirinha e ouvir as piadas do nosso vizinho onde o Japa gargalhava tanto que metade da caipirinha ia derramando do copo.
Depois decidimos dar um mergulho pra aliviar a "brisa" da caipirinha, tentativa essa frustante pois as ondas batiam nos nossos joelhos e caiamos, sem condições nenhuma de ficar em pé, daí, lancei:
- Putz Japa, tá embaçado, vamos sair.

- Cara, tô mau, essa caipirinha tá subindo igual foguete, tá tudo rodando...tá foda!!
E na praia comecei a observar o movimento e quando olho pro lado, qual foi minha surpresa, o Japa estava deitado numa esteira de palha e nem sabia de quem era, talvez a dona estaria na água e eu disse:
- Japa, sai dessa esteira cara, vai chegar a dona e vamos arrumar pra cabeça!!
O Japa já estava deitado de bruços com os braços cruzados servindo de cabeceiro e começou a dar uns trancos daí só vi o caldo verde escorrendo pelos lados, nossa, o cara tava vomitando, era só caipirinha com suco gástrico, absorvidos pela areia, que bizarro!!! Fui puxar a esteira pra não suja-la qual foi minha outra surpresa, a esteira rasgou no meio e fiquei com a metade na mão e a outra metade embaixo do Japa, toda melecada de vômito e areia, PQP!!!
Finalmente o Japa depois da vomitada , conseguiu levantar e decidimos subir pro apartamento pra dar um tempo e ao chegar no elevador eu estava acionando o botão do andar correspondente e quandome viro outra surpresa desagradável, o Japa agachado com a bermudaabaixada soltando o maior barro, que fedor!!! E o cheiro? Nooooossa não via a hora de chegar logo:
- Puta que pariu Japa, que merda!!! Por que não esperou chegar cara?

- É merda mesmo, não aguentei, ia fazer nas calça!!
Quando chegamos na porta do apartamento a empregada do nosso vizinho já estava na porta de saída pra descer, daí um olhou pra cara do outro e pensamos: fudeu.
Entramos no apartamento, como se nada tivesse acontecido e minutos depois aparece a empregada vesga e pálida:
- Noooooossa, gente !!!,cagaram no elevador!!, ai credo que gente porca!! E a esposa do nosso vizinho comenta:

- Deve ter sido aquele moleque filho da puta do terceiro andar, isso é a cara dele!! Eu e o Japa seguramos a risada, seguramos tanto, mas tanto, e o pior veio depois com a pergunta da esposa:
- Não foram vocês não né? Pelo amor de Deus...
E o Japa na maior cara de cínico deste mundo:
- Qué isso, quem fez isso não tem amor no coração...

- Olha lá heim!, eu vou no mercado, se sairem deixa a chave na portaria.
E quando a esposa sai com a empregada, caimos na gargalhada por vários minutos, sabe aquela gargalhada de você chora de tanto rir? de doer a barriga? Com certeza nunca esqueci este verão de 1988 e este acontecimento no mínimo bizarro.

sábado, 6 de setembro de 2008

Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembrança


Esse filme a princípio parece confuso no início, mas ao assistir na segunda vez percebi o quanto retrata o relacionamento de um homem e uma mulher, desbanca vários filmes sobre romances com finais felizes e a perversidades impostas a várias gerações no autoritarismo de amores exigentes e inflexíveis, que, arrebentaram incontáveis relacionamentos e impulsionaram a indústria dos antidepressivos, da literatura da tragédia amorosa humana e dos divãs encharcados de lágrimas – para não falar nos suicídios bem reais.
Na história do filme não temos panos-de-fundo políticos ou ideológicos, nem tão pouco frases, estúpidas, não há nem o príncipe encantado nem a princesa perfeita. Depois de algum tempo de relacionamento eles querem se ver livres um do outro (talvez num dejà-vu das histórias ouvidas sobre a ‘perfeição’ do amor), mas aos poucos se rendem, percebem que o par possível só pode ser o ser humano, fraco, indeciso, terno, bocó, único, forte, bruto, sublime, terno, convicto, genial, carente, ridículo, e por ai vai... e sem o poder de dominar a verdade pura.
O BRILHO nos mostra cruamente o quanto é importante o relacionamento entre pessoas que se olham nos olhos desde o início e, interessadas, vislumbram a possibilidade de reconhecer a outra alma, sem segundas intenções e sem beirar à pieguice, ou mesmo à inocência no seu estado mais manipulável. Sim. E não é necessário ir conhecendo o outro somente após estacionar os Audis, despir os Armanis, lavar os Chanel... . Tudo em ambientes reais onde não se vê assinaturas de grifes ou monumentos famosos, que tentavam comprar o quadro para referendar que o amor prefere lugares detalhadamente estudados. Se você perceber até os livros da livraria não apresentam nomes (aparecem todos em branco). A beleza das cenas insinua-se nos cabelos desgrenhados e mal-tingidos e em barbas por fazer, dentro de um veículo amassado. Ali a única arma de sedução é estar vivo.
O BRILHO revela também o quanto é inútil camuflar. A vida por si não propicia terreno para a mentira ou da manipulação antinatural. É impossível tentar apagar o que ficou gravado no coração. Não adianta utilizar jeitinhos de outrem para conquistar um alguém já tocado pelo outrem.
Algo que fica inexplicável, pois inexplicável é, a aceitação de ouvir um do outro o quanto se detesta certas peculiaridades e atitudes, certas manias e idéias, mas, ora, sem mais neuroses, eles querem ficar juntos.
O BRILHO é um filme que finalmente nos mostra a possibilidade de sermos aceitos e de podermos viver ao lado de outra pessoa simplesmente porque algo em nós pede. Isso é muito bom. É limpo é sincero e gerador de lembranças impossíveis de se apagar.
E no blog da designer Márcia Okida (http://okidadesign.blogspot.com/2008/03/brilho-eterno-de-uma-mente-sem.html ) ela faz uma análise interessante sobre o cartaz do filme bem como cita a música de Chico Buarque “Todo Sentimento” que coincidentemente tem tudo haver com o filme saca só:
Todo Sentimento
Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Clube da Luta!!






Nos incomodamos com aquilo que somos, e com o que não gostaríamos de ser.
Todos os dias pedimos que o cálice seja afastado, mas ao mesmo tempo o provamos. E somos, todos, crucificados... O comportamento pré-fabricado e a competição pela atenção castram a nossa liberdade criativa, até que decidimos “abrir os olhos” e romper com nossa própria identidade, deixando nossa herança genética de lado e modificando nosso estado mental.
Todos os dias nos negamos, e no que usamos para escapar do que negamos. O que nos é muito próximo, ainda que oposto, nos incomoda. Afinal, sempre é o que deixamos para trás, ou para frente. É o que negamos ter sido, ou querer ser.
O outro parece ser eu. O verdadeiro eu, durante este processo, parece o outro. E por melhor ou pior que seja o outro, por ser um outro, sempre mostrará uma nova solução, uma abordagem, uma outra válvula de escape e expressão para o que somos. Vai incomodar porque difícil é renegar e assumir a morte da nossa identidade, estática, estável de um pensamento único em prol de uma inteligência coletiva...que horror!!
Perceber a realidade que nos cerca, em certo modo e grau, é derrubar barreiras instituídas à séculos; linguagem, simbologias, mitos, costumes. A realidade nua é a simples impressão direta. Um cheiro, um contato de pele, um beijo, um murro.
Quantos contatos precisamos ter para sabermos que estamos vivos? Escondidos nas barricadas que construímos? Barricadas de pseudo-ideologias, pseudo-comportamentos? Será que conseguimos receber a proposta de um modo de vida único? Aceitar as regras de uma sociedade sem regras? Matar a vontade de existir escondido dentro das simbologias de uma cultura perturbada e desgovernada? A violência simbólica talvez seja mais intensa e destruidora que a violência nua e crua.
Isso tudo nos leva a pensar que talvez a liberdade criativa seja um mito onde devemos sempre buscar , pois enquanto isso fizermos vamos manter os nossos olhos abertos, em busca da redenção diária, negando e assumindo nossa existência em uma saga mitológica , considerando o equilíbrio entre essa dualidade de nossa existência e que todos nós possamos ter um pouco de Jack e Tyler Durden em nossas mentes e corações.
Escrevi o texto em 1ª pessoa do plural, pois essa carapuça não visto sozinho.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O começo do fim do mundo.


O começo do fim do mundo começa agora, contarei neste espaço passado e presente desta vida cheia de atitude, amor e ódio...quem quiser que me acompanhe, quem não quiser...meus pêsames!!!

Em 1986 a então rádio rock 97 do ABC apresentava um programa chamado "Black Flag" com sons punk rock e hardcore que estavam estourando lá fora. Pronto, conheci a anarquia. Naquele tempo não existia internet e as molezas que as molecadas tem nas mão hoje, era tudo na base de revistas, fãzines e galeria do rock eram os canais de atualização.

Comecei a curtir o movimento sozinho sem influência ou embalo de alguém...numa determinada tarde caminhando pelas ruas trombei o 2 punks (omitirei os nomes pelo respeito aos caras, visto que 1 já morreu) e me intimaram com uma sabatina do movimento e passei pelo teste e me convidaram pra uma balada punk na praça, confirmando a visita.

A noite coturnão no pé, camiseta vermelha manga comprida e o simbolo da anarquia com 3 pregos formando o A e o circulo desenhado a mão com o formato de arame farpado no peito e cera no cabelo pra levantar os cones.Tudo muito estranho até então: o som estava ligado numa gambiarra dos fios puxados do poste de luz da praça. Um balde de pinga com Soda e os e as punks chegando e o pogo rolando solto, Ramones, The Clash , Sex Pistols , Inocentes , Olho Seco, Cólera, na vitrola que estava até empoeirada...a cachaça acabou as 3:00 da manhã, todo mundo podre hora de ir pra casa... a primeira noite nunca esquecemos!!