domingo, 4 de janeiro de 2009

A última noite punk.


A última noite...

Querer viver num mundo melhor é desejo de todos nós...e ficar de braços cruzados nunca te levará a lugar algum e acreditando numa utopia lutei por alguns anos imaginando que a anarquia resolveria alguns problemas na vida...que engano. Quando jovens não estamos satisfeitos com as regras da sociedade e queremos mudar esses regras...mas vem a grande pergunta: afinal quem pode mudar algo tão definido? Quem? Eu? Você? Esqueça...80, 70 ou 60 anos aqui não são suficientes para mudar e tentamos passar alguns ensinamentos aos filhos mas estes vêem o mundo de outra forma diferente da sua e o ciclo reinicia...não há fim.

Naquela última noite de sábado todos punks da Vila Formosa e do alguns do Centenário, reunião para conferir à uma apresentação de uma banda Punk na Santa Cecília e após o ônibus, chegamos ao metrô Tatuapé. Na estação chegamos num grupo de 20 a 25 punks, quem tinha bilhete passou nos bloqueios e desceu as rolantes, quem não tinha foi comprar bilhete (ficaram uns 15 fora comprando e eis que surge a visita desagradável dos Carecas da Zona Leste os caras vieram correndo e já foram dando voadoras nos punks, eu estava na fila e não sabia o que fazer os carecas olhavam pra mim mas não me atacavam e vi o Magrão gritando com os carecas que o pessoal estava com ele...mas só não atacaram o Magrão e vi os 14 correndo em direção do Terminal de ônibus e corri também, porém ninguém me atacou mas a carecada estava atrás de nós (alcancei o grupo) mas insistiam em correr e foram correndo em direção ao cemitério da quarta parada e quando olho para trás vejo um bando de quase 40 carecas correndo em nossa direção, decidimos entrar num velório que estava acontecendo mas seria um desastre...já pensou o pau comendo e o defunto caindo no chão junto com punks, velas e tudo mais? Decidimos correr até o portão e pular este e esperar os carecas dentro do cemitério...onde qualquer vaso viraria arma com certeza. Pulamos e aguardamos...porém só ouvimos o silêncio dos mortos e seguimos para o outro lado na outra saída.

Percebemos que faltava um punk do grupo dos quinze e comentamos entre nós que talvez ele houvesse seguido outra saída e ido embora sozinho, enfim, voltamos para Vila Formosa e de lá cada um tomou rumo pra sua casa.

No domingo soubemos que nosso amigo não havia retornado pra casa aquela noite e começamos a procurar o paradeiro em hospitais, Pronto socorro, delegacias e até IML e nada. Foi uma noite de busca sem sucesso e terminou o domingo.

Trabalhei durante a semana normalmente e na sexta segui até o Centenário e perguntei a um punk sobre o que aconteceu com nosso amigo e o punk me disse a seguinte frase:
-Mataram nosso amigo cara...o coveiro encontrou seu corpo na terça feira, com estiletadas nas costas.

Senti uma vertigem tomar conta do meu corpo e um grande e desagradável frio na barriga senti naquele instante e senti o punk que eu era adormecendo a cada segundo e daquele momento em diante decidi abandonar o movimento punk, não valeria a pena morrer por uma utopia daquelas...você que está lendo pode me criticar, ou até mesmo me chamar de covarde mas os motivos já expliquei lá no inicio do post. Quando escolhi o Travis como personagem deste blog tentei passar a mensagem dele de ter uma atitude de acabar com a raça de um político mentiroso e um cafetão que aproveita de uma menor pra ganhar dinheiro...e da pior forma possível...

Sabemos que a violência gera violência mas numa situação dessa? Conversar apenas resolve? Garanto que não...e só vendo as cenas abaixo para entender o que estou falando...trata- se do finalzinho do filme Taxi Driver...já adianto...são cenas fortes, se não tem estômago nem veja ok? Continuarei a contar outras histórias ocorridos nessa minha vida e como escrevi no primeiro post...quem quiser pode me acompanhar.

4 comentários:

Bia disse...

Acho que foi muito feliz a idéia que vc teve de "desistir" da utopia punk! rsssss
Porque, senão, talvez, você não estivesse aqui p/ contar esta triste história!!!
Temos duas certezas perigosas: VIOLÊNCIA GERA VIOLÊNCIA e quando se é jovem tudo parece muito fácil de ser resolvido!
Parabéns pelo texto e escolha do vídeo. bjsss

Anônimo disse...

Qual era o ano que você decidiu abandonar o mov. punk?

Concordo sobre sua decisão, pois aquele clima barra pesada não era construtivo.

Acredito que esses ocorridos não têm a nada a ver com punk ou anarquia! Isso tem a ver com a má formação de caráter de uns e a inexperiência e despreparo emocional de outros, que decorre de várias origens.

Esse ganguismo todo deformou a pretensão a um pensamento coletivo transformador, por isso não acho que punk ou anarquia seja utopia, mas creio sim que por aqui, sobretudo em São Paulo, a história tomou um rumo errado e deu em desacertos.

Mas entendo os motivos de sua desilusão e afirmação de utopia.

Abraços

Todo Dia PUNK!! disse...

Punk Writer, sai em 88,a propósito?vc conseguiu assistir o Filme Botinada que linkei no Dezembro Oi? Lá conta o porque do ganguismo e que rumo tomou o movimento punk aqui no Brasil, vai lá...
1abraço.

Sexyback disse...

Trash esse post heim amigo?
Ainda bem que vc teve cabeça para ver o futuro, e não acabar de uma maneira sem sentido.
Bjs amore